Vice de Chávez fala em 'conspiração' e expulsa adido militar dos EUA
Ele afirmou que câncer de Chávez é 'ataque' inimigo e reafirmou unidade.
Presidente e Venezuela enfrentam 'horas mais duras' desde cirurgia, disse.

O agravamento do estado de saúde do presidente Hugo Chávez levou o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a ir ao vivo à TV nesta terça-feira (5) denunciar o que chamou de "conspiração" dos inimigos contra o governo e reafirmar a unidade do regime.
Maduro falou numa reunião de gabinete ao vivo na TV estatal, direto do Palácio Presidencial de Miraflores, em Caracas.
Ele afirmou que inimigos do regime, em especial os EUA, se aproveitam da situação de saúde de Chávez para "desestabilizar" o país, e anunciou que um adido militar dos EUA será expulso do país por "conspirar contra o regime".
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O funcionário, identificado como o adido militar aeronáutico David Delmonico, segundo Maduro, teria procurado militares para propor um golpe contra o governo. Ele tem 24 horas para deixar o país, de acordo com o vice. Todd Breasseale, porta-voz do Pentágono, confirmou a informação e disse que Delmonicojá deixou o país.
"Este funcionário tem como tarefa buscar militares ativos na Venezuela primeiro para investigar a situação das Forças Armadas e para propor a elas projetos desestabilizadores", disse Maduro.
Mais tarde, o chanceler venezuelano, Elías Jaua, afirmou que um segundo funcionário americano, Deblin Costal, foi expulso pelo mesmo motivo. A embaixada dos EUA em Caracas disse à France Presse que não tinha conhecimento de nenhum funcionário com esse nome.
'Ataque'
O vice-presidente Maduro também disse acreditar que o câncer que acomete o presidente é um "ataque" dos seus inimigos, um de vários ocorridos ao longo dos últimos 14 anos, segundo ele, e comparou-o à doença que provocou a morte do líder palestino Yasser Arafat.
O vice-presidente Maduro também disse acreditar que o câncer que acomete o presidente é um "ataque" dos seus inimigos, um de vários ocorridos ao longo dos últimos 14 anos, segundo ele, e comparou-o à doença que provocou a morte do líder palestino Yasser Arafat.
"Nós não temos nenhuma dúvida, chegará o momento indicado da História em que se poderá formar uma comissão científica que revelará que o comandante Chávez foi atacado com esta doença", afirmou. "Os inimigos históricos desta pátria buscaram o ponto para prejudicar a saúde de nosso comandante."
Ele prometeu também medidas para combater o que chamou de "sabotagem elétrica" que estaria ocorrendo em vários locais do país.
O vice também criticou o fato de os oponentes políticos não terem respeitado o "direito humano" de Chávez ser tratado, atacando-o com mentiras sem parar.
Ele afirmou que os médicos "estão com Chávez" e que a nação venezuelana segue rezando com ele, após o que chamou de "complicações" que resultam nas "horas mais duras" enfrentadas pelo país e pelo presidente desde a cirurgia a que se submeteu em Cuba em 11 de dezembro de 2012.
Por fim, Maduro pediu que o povo, os trabalhadores "cerrem fileiras" contras os conspiradores e mantenham a unidade.
Em um dos anúncios mais pessimistas até agora sobre a saúde de Chávez, o governo disse na segunda-feira à noite que os problemas respiratórios dele pioraram e ele estava sofrendo de uma nova infecção respiratória "grave" em um hospital militar de Caracas.
O presidente, de 58 anos, não tem sido visto em público nem ouvido desde que foi submetido em Cuba à sua quarta operação desde que a doença foi detectada em sua área pélvica, em meados de 2011.
A falta de notícias claras sobre seu estado gerou frequentes protestos da oposição, que argumenta que ele não tem condições de seguir à frente do país e pede novas eleições.
População de vigília
Ao longo do dia, a população da capital, Caracas, foi se reunindo em frente ao hospital militar onde Chávez está internado.
Ao longo do dia, a população da capital, Caracas, foi se reunindo em frente ao hospital militar onde Chávez está internado.
Partidários apaixonados do presidente rezavam e choravam com o sério revés em sua batalha contra o câncer.
"Há tanta tristeza e confusão", disse a "chavista" Marisol Aponte, uma agente comunitária nas favelas de Caracas, com a voz embargada de emoção. "Mas temos de ser fortes e colocar em prática tudo o que ele nos ensinou."
"A vontade de Deus será feita. Estamos apenas orando por ele, como sempre fizemos", afirmou Maria Fernandez, de 33 anos, que trabalha como voluntária em um escritório do Partido Socialista, que ocupa a antiga casa de Chávez na aldeia rural de Sabaneta, onde ele cresceu.
O governo tem dito repetidamente que ele está lutando por sua vida. Apesar de poucos detalhes médicos, funcionários disseram que ele está respirando através de um tubo traqueal, incapaz de falar, e passando por uma nova rodada de tratamento de quimioterapia.
Chávez sofreu várias complicações após a cirurgia de 11 de dezembro, incluindo sangramento inesperado e uma infecção respiratória grave, que autoridades disseram que havia sido controlada.
Chávez passou por várias rodadas cansativas de quimioterapia e radioterapia, que às vezes o deixaram careca e inchado. Ele declarou-se duas vezes erroneamente curado.
A única imagem divulgada dele desde sua última operação foram quatro fotos publicadas pelo governo, enquanto ainda estava em Havana, que o mostraram deitado em uma cama de hospital ao lado das filhas.
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